terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Conto de Barzinho

Olha lá minha mulata passando e como sempre todos os machos olhando, graça a deus só olham, pois afinal se eles fizessem tudo o que estão pensando ( e eu sei o que estão pensando... ), ai seria um dó só, de mim e da minha morena. Pois se me lembro bem a muito tempo, quando eu ainda tinha cabelo, um desses homens era eu.
Chapéu panamá, terno branco, sapato impecável de tão bem engraxado ( longo era o tempo que eu passava com meus sapatos, meus companheiros de andanças ) e o indispensável violão. Várias horas que se passavam tão rápido, do samba à Bossa nova e MPB era um baile aparte, belas mulheres, bebida à vontade ( graças a meu falecido amigo Silvio "Nego" ) e nosso bom som e as vezes pra quebrar um pouco o sistema, tocávamos um blues. Mas foi em umas dessas grandiosas noites que conheci Carola ou Mulata como todos a chamavam, ah sim... isso era mulher, daquelas que param a Avenida Paulista. Não vou dizer que foi "amor a primeira vista", foi mais uma "paixão a primeira vista", e ela passou com tanta graciosamente que metade da roda comeu ela com os olhos. Foi glorioso, logo após meu turno ( em nosso grupo, cada um tinha seu turno pra fazer musica para o povo ) fui falar com a tal Mulata. Só de olhar já ficava arrepiado, a Mulata de vestido curto que só de olhar já deixava o homem louco, mas era bela como nenhuma outra ( e de tantas mulheres que já vi, ainda acho ela a mais bela de todas ), mas reuni o maximo de confiança pra chegar com tranquilidade. Cheguei falando: - Olha que bela morena, posso saber seu nome?- .- Sou Carola, mas pode me chamar de Mulata se quiser- disse ela - Mulata... tem namorado? Pois afinal hoje em dia mulher do seu nível ou tem namorado ou é casada.- disse eu com uma cara de malandro que até hoje me envergonho - Não, nem um nem outro, sou solteira, e no momento estou desinteressada para qualquer conversa com musico de bar.- dizendo ela com uma total cara de falta de interesse na conversa - Mas se a conversa não lhe agrada, quem sabe uma musica - eu disse - Que tal, Garota de Ipanema? - perguntei - Bem se faz tanta questão. - disse ela com um sorriso simples no canto da boca - Mas é claro! - e ai comecei, toquei a canção com a maior perfeição possível, foi incrível até eu me impressionei. No final da noite após muita conversa e muitas canções com a Mulata, nos beijamos e admito que aquele foi sem duvida o melhor de todos. Logo já estavamos deitados na minha cama, num sentimento totalmente sedutor, tal como a Carola. Definitivamente aquela foi a melhor noite de todas. Mas como de costume na vida boemia paulista, quando se dorme a noite com uma mulher, acorda sozinho na manhã seguinte. Triste fim de história... a partir daquele dia passava todas as noites no bar de olhos atentos, atrás da Mulata, mas nunca a vi novamente. Por isso agora velho e experiente no ramo, frequento o mesmo bar, com o mesmo chapéu panamá e o mesmo terno branco e o sapato engraxado, mas dessa vez é outra Mulata, e essa Mulata que agora é minha filha, vai ser a Mulata de outra noite de outro musico, de outro homem. Pois é assim que é, é assim que acontece ( e sempre será ). Mas de tantas Mulatas, tantas Carolas, tantas noites, só uma me valeu a pena... por que?
Bem, esta ai resposta pra outra história, agora garçom, me traz uma cerveja.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Muito barulho, pouca musica...

Acho que para todos que curtem uma boa musica, perceberam a decadência da mesma em todo o mundo.
Hoje se leva a musica como um produto, como se fosse apenas um som tão sentido quanto a buzina de um carro... Enfim a musica não é mais aquela coisa pela qual nos facinavamos e delirávamos ao batida de cada nota, a cada batida uma emoção nos dominava e nos fazia viajar pelas mais intensas emoções e pensamentos.
Algo que deveria sem apreciado em cada sabor e principalmente algo emocionante por sua complexidade, mas hoje definitivamente a beleza e as roupas de quem canta contam mais que a própria musica ou mesmo algumas bandas não saem de baixo das "asas" de bandas mais influentes. Esses dois são os maiores problemas que impedem a musica de deixarem de ser objectos do comércio, para voltar a ser uma das mais belas obras do ser humano.


Obrigado por ler...

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ana Bela

Oh minha Ana,
Minha doce Bela,
Quem já ouviu a risada dela, sabe do que vou falar

Quem já sentiu o cheiro dela,
Sabe o que ela me desperta,
Me deixa alerta, e todo pensamento ela dispersa

Quem já sentiu o gosto dela,
Ah sim... sabe que com ela,
Qualquer um delira


Ah se essa Ana Bela, das mais belas
Essa que para mim, nunca se entrega
Mas Ana... minha Bela


Seja sincera,
Pois se todos a cortejam, e de todos que a desejam
Nenhum deles te saciam o desejo?


Oh Ana... bela Ana
Ana Bela.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Por que procurar?

A simples questão de perguntar?
Tão difícil para uns, tão fácil à outros. Esse ato simples que não custa muito de nossa saliva e nem de nosso tempo, e alias essa pouca saliva e tempo são bom investidos quando o fazemos, mas mesmo assim muitos não questionam e outros mesmo desistem de ir atrás das respostas. Logo vi hoje mesmo um texto que dizia que a procura pela "verdade" era uma total besteira, que seria melhor investir em invenções mais lucrativas e que é inútil a corrida pelo conhecimento. Mas como única certeza em minha vida eu digo: a procura pelo conhecimento é totalmente, absolutamente necessária para a evolução humana. O cérebro humano, assim como os músculos, precisam de exercícios e precisam trabalhar, ou atrofiaram, e um grande exercício para ele é o questionar, o conhecer, o descobrir. O questionar é como um hábito, alguns possuem e outros não, e baseado nisso poderíamos dividir o mundo em duas classes, independentes de raça, cor ou sexo ou condição financeira. O grupo dos Controladores e Controlados, os Controladores em geral são pessoas de visão e vontade que provavelmente não se contentaram com as explicações dadas a eles, achando que por trás do que havia sido dito havia muito mais para se notar, e explorar e nisso procuraram, estudaram e questionaram tudo a sua volta e após coletar conhecimento o usaram de base para suas ideias, invenções  e etc... Assim alcançaram o sucesso através de vários meios e logo usaram sua visão no futuro para perceber que abaixo existe a classe dos Controlados, simples em geral e sem muitos desejos mais profundos e sem muito futuro. Muito fáceis de induzir e controlar e assim os Controladores fazem suas histórias.


Agora meus queridos amigos, ser Controlador ou Controlado é sua escolha, e não cabe a nenhum outro escolher seu futuro.


E em fim lhe deixo uma pequena parte de um grande poema chamado Invictus.


"Eu sou senhor de meu destino;
Eu sou o capitão de minha alma"

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Viver mais uma vez

O que me faz entristecer,
Neste maldito tempo,
É saber que um dia vou ter que envelhecer.


Saber que todo bebê vai virar a criança de amanhã,
E crescer para ver o que seria seu futuro desmoronar,
E toda esperança depositada nele, acabar.


Triste saber, que toda criança um dia envelhece e se torna a duvida,
O adolescente sem identidade, que acredita em falsas verdades, que sempre lhe contam,
Ou o jovem revoltado, odeia tudo ao seu lado, só o ódio e pouco amar.


Saber também que o pobre jovem, logo será conformado.
Será mais um adulto cansado de sua vida sem rumo,
Será surdo aos absurdos, e alerta aos insultos que vão sempre lhe atingir.


Mas o adulto também envelhece, e com o tempo se esquece de tudo o que se foi.
O velho nobre, sóbrio e sempre a pensar.
Talvez seja o seu pesar que o faz sonhar, com outra chance de tentar...


Viver mais uma vez.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Relato de um Rei

Se me conhece, bem sabes, bem tens ideia
Sou o Czar de todos as revoltas,
Rei de todas, as revoluções...

Sou a ira que o homem acha quando sozinho em seu quarto ele pensa:
"Mas que diabos acontece, essa história não procede, e os fatos não se seguem."
Jovens, revolucionários, meus ceifeiros em forma de gente

Mas a revolta, só gera a outra revolta futura,
De jovens pelos quais tem pensamentos parecidos aos meus,
Distorcidos e mais amadurecidos

De nota tiramos, todos tem seus ceifeiros
E todos serão ceifados
Todos Czar tem sua revolução, assim como todo reinado tem seu fim

Pois como todo rei é a peble
Todo Czar é revolucionário
E todo revolucionário é meio ditador, por querer me fazer ajoelhar as suas vontades

Mas nessa história,
Como tantas outras,
Não temos heróis para nos derrubar...


Só um bando de jovens,
Querendo nos destronar